quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A Modernidade em Jorge de Lima



Foi um poeta de difícil enquadramento para os críticos literários que analisam o movimento modernista brasileiro. O primeiro livro do poeta alagoano foi “XIV Alexandrinos” escrito quando este contava com 18 anos, um livro que se filiava ao verso parnasiano desde a escolha da forma clássica do soneto de doze sílabas, quanto aos versos ricos no vocabulário primoroso, para mais tarde aderir ao verso livre do modernismo com o poema “o Mundo do Menino Impossível” em seu livro intitulado  “Poemas”.
Não conseguiu realizar no todo o seu objetivo artístico e filosófico, pelo menos fez deste a sua obsessão da mesma maneira que Mallarmé fez em toda a sua carreira literária, perseguindo a poesia que tocasse o absoluto. Assim, Lima constrói uma obra variada, na qual observa-se formas clássicas como o soneto, a elegia, canções e baladas quanto formas modernas como o poema em prosa, a poesia prosaica, o verso livre etc. Também observa-se na leitura de sua obra a busca do poeta em estar atento ao que estava em moda como as correntes literárias, e ao mesmo tempo, escrever uma obra que pudesse superá-las, ir além das doutrinas e dos princípios políticos, autônoma para se fixar na consciência atemporal da humanidade.
Na poesia “Oração” encontramos os elementos situados da paisagem nordestina daquela época, fundido com uma religiosidade concreta pelos objetos vivos como o burrinho do padre e a oração que nina o menino:

Poemas:
        
        Oração

Ave Maria cheia de graça...”
A tarde era tão bela, a vida era tão pura,
As mãos da minha mãe eram tão doces,
Havia, lá no azul, um crepúsculo de ouro...lá longe...
“Cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita!
Bendita!”

Os outros meninos, minha irmã, meus irmãos menores, meus
                                       [brinquedos, a casaria branca de minha
[terra, o burrinho do vigário pastando
                                       [junto a capela...lá longe...

Ave cheia de graça
_ “bendita sois entre as mulheres, bendito é o fruto de vosso
[ventre...

Ë as mãos de sono sobre os meus olhos,
E as mãos da minha mãe sobre o meu sonho,
E as estampas do meu catecismo
                     Para o meu sonho de ave!
E isso tudo tão longe... tão longe...
                                            

POSTADO POR:
Bruna Simões

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